segunda-feira, 24 de julho de 2017

O primeiro discurso como paraninfa


Eu sempre quis trabalhar no ensino superior.

Saí do interior da Bahia e fui para o Espírito Santo a fim de cursar o mestrado.

Dois meses após defender a dissertação eu estava pronta para voltar para a Bahia, foi quando surgiu a oportunidade de trabalhar na Faculdade do Futuro. 

No dia dois de fevereiro de 2016 assumi minha primeira turma do ensino superior. 

A disciplina era Práticas Pedagógicas IV, com enfoque nas abordagens de ensino da Educação Física escolar e os conteúdos do lazer na escola e eles estavam no quinto período do curso de Educação Física.

Lembro que no primeiro dia de aula me chamaram de irmã de uma das alunas da turma, porque, assim como eu, ela é baixinha, loira e dos olhos claros. Que sorte a dela se parecer comigo (ou seria o contrário?) rsrsrs

Lembro também que levei um bom tempo para aprender a falar o nome de alguns dos alunos da turma (eu achava que só tinha dificuldades com números, mas tenho dificuldades com nomes também!) rsrsrs

No segundo semestre daquele mesmo ano, além de trabalhar com as práticas pedagógicas estudamos juntos a disciplina Educação Física Inclusiva e novas experiências surgiram, dentre elas o Projeto Crianças de Ouro, elaborado pelos próprios alunos (a turma A se responsabilizou pelo projeto, mas foi lindo de ver o apoio da turma B neste processo), foi um marco para toda a turma e motivo de muito orgulho para mim. 

Depois vieram as defesas de Trabalho de Conclusão de Curso, e eu tive a oportunidade de acompanhar de perto muito do que produziram. Sei que valeu a pena todo esforço e dedicação de todos eles, trabalhando em grupo e alguns até mesmo individualmente, conseguiram superar o medo do TCC.

Agora, olhando para cada um desses rostos, percebo que em um ano eles evoluíram, amadureceram e fizeram a melhor escolha de suas vidas: escolheram a Educação Física como carreira profissional. 

Diante da conjuntura nacional e do próprio status social, optar por este curso é um ato de amor. 
Amor às pessoas, à cultura, à humanidade e a nós próprios.

Tudo o que desejo para esta turma é que seja tão realizada nessa profissão quanto eu fui sendo professora deles. 
Que tenham alunos como os alunos que eles foram e que jamais percam a fé na educação porque esse é o nosso maior legado para o mundo.

Portanto, se eu puder deixar um último conselho para a turma é que pensem em cada um de seus futuros alunos como mundos diferentes. Quando a gente é jovem a gente quer mudar o mudo, então, que a gente comece mudando o mundo dos nossos alunos: garantindo que tenham acesso às práticas corporais e à cultura corporal de movimento. Se a gente conseguir melhorar a vida de uma pessoa, se a gente conseguir mudar o mundo de dos nossos alunos, nossa missão já terá sido cumprida. 

Obrigada por terem sido a minha primeira turma do ensino superior, vocês são a concretização de um sonho para mim. Vou levar todos comigo em meu coração.

Lembrar-me-ei de cada um  com carinho e saudade.

Que Deus os abençoe.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Aluna-Anjo-Amiga


Danny é aquela aluna que todo professor gostaria de ter:
é dedicada, esforçada e foi a única que certa vez veio até mim para agradecer pela aula. Embora eu não tenha feito mais do que a minha obrigação e meu trabalho. Mas, mesmo assim, ela agradeceu.
Clarice Lispector disse no livro A Hora da estrela (meu preferido) "Ela acredita em anjos e, porque acreditava, eles existiam". Danny é a demonstração de que anjos existem. E eu, que nunca quis ser mãe, porque todo o carinho que recebia dos meus alunos supriam todas as minhas necessidades, continuo pensando que se Deus continuar colocando em meu caminho alunos que são mais que alunos, são como anjos em minha vida, aí então que vou ignorar o peso da minha idade biológica e seguir me dedicando exclusivamente ao desenvolvimento e evolução dos meus alunos.  
É um prazer enorme acompanhar o dia a dia, os conflitos, as ideias e decisões, escolhas e consequências dela... Me sinto mãe, irmã, amiga, tudo na mesma pessoa Ela é aquela aluna que faz valer a pena a profissão de professor: ela agradece pelas aulas (quando realmente são significativas), questiona sem jamais ser desrespeitosa, gruda na gente até na hora do intervalo para poder tirar dúvidas e dizer o quanto tem aprendido (eu amo esse grude, eu era exatamente assim com meus professores), marca horário no sábado de manhã para aprender a escrever trabalhos científicos (que são aprovados em congressos internacionais, e mesmo que a gente não consiga viajar até o outro lado do Atlântico, me sinto feliz e orgulhosa de tê-la como aluna) e depois marca um açaí no domingo à tarde porque ninguém é de ferro. 
Eu olho pra ela e me vejo. Eu era exatamente esse tipo de aluna: vivia grudada nos meus professores, perguntando o que eu deveria fazer para ser melhor do que fui ontem e fazia planos e trabalhos com o máximo de dedicação possível, na esperança de que eles ficassem orgulhosos de mim.
Mas tem um detalhe: ela tem consciência disso desde o início do curso. Eu só me tornei assim da metade pro fim... 
Então hoje eu penso: se eu cheguei até aqui, ela tem condições de ir ainda mais longe!!! Lembro de quando o professor Pimentel me dizia que a gente só cumpre a nossa missão quando nossos alunos estão melhores que nós. Tenho certeza que Danny vai voar alto, não por minha causa, mas pela dedicação e pelo esforço que ela tem. Eu não poderia admirá-la mais. E hoje eu sou só felicidade porque além de eu ser a professora dela ainda tenho a sua amizade. Que ela continue sendo sempre assim: esse exemplo de aluna, filha, amiga, ser humano!!! Com todo amor de professora, amiga e anjo que há em meu ♡