quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Sobre o luto pela democracia brasileira

Sempre gostei de história. Durante toda a minha escolarização, esta foi uma das minhas disciplinas prediletas, junto com geografia, literatura e redação.
Mas, especialmente hoje, me sinto aliviada por não ser professora de História. Para não precisar explicar aos meus alunos, num futuro não muito distante sobre o que aconteceu neste 31 de agosto de 2016 em nosso país.
É sabido que sou oriunda da classe operária: minha avó, com descendência indígena, era analfabeta e lavava roupa em casa de muita gente pra poder receber uns trocados e conseguir alimentar os sete filhos, dentre eles, minha mãe, ainda garotinha. Naquela época, não existiam nenhum desses projetos sociais que surgiram no país a partir do governo Lula e que Dilma deu continuação. Nos 14 anos de governo petista muita coisa no Brasil mudou e para melhor. O resultado? Embora minha avó não estivesse mais nesse mundo para conferir de perto, de onde ela estiver, deve estar satisfeita, pois todos os seus sete filhos completou, pelo menos o ensino médio, alguns como minha mãe, já possui especialização. Dos netos, pelo menos oito deles já passaram ou estão cursando o ensino superior, Um deles (meu irmão) já está fazendo o doutorado, tenho primas que fizeram intercâmbio na Europa, através do programa Ciência sem fronteira, o qual já tem data marcada para deixar de existir.
Hoje, relembrando o texto que escrevi naquela segunda-feira, dia 18 de abril de 2016, que apesar de ensolarada, me pareceu tão obscura, o título cabe bem pra hoje: "depois de ontem" assim mesmo, com iniciais minúsculas. Depois de ontem, é hoje... e hoje a presidente Dilma Rousseff  foi impedida de continuar seu mandato. Essa mesma que recebeu um voto meu naquele 31 de outubro de 2010 e que eu só não o repeti em 2014 por causa da Luciana Genro, minha escolhida naquele momento. Lembro até que fiz um post neste espaço para externalizar meu sentimento de orgulho por ser uma das eleitoras dela aqui
No entanto, hoje Dilma Rousseff sofreu impeachment e será afastada definitivamente da presidência a partir de hoje e eu vejo pela televisão e pelas redes sociais Michel Temer assumir a presidência e penso: foi tudo em vão. O hino nacional toca, em seguida, o novo presidente assume o poder e não me sinto orgulhosa do meu país, do rumo que estamos tomando e penso em como devem estar se sentindo os professores de história, eles terão que explicar aos seus alunos que uma presidente eleita legitimamente foi impedida de continuar com seu governo e em seu lugar ficou um cara que, eu sei, era o vice dela, acabou sendo eleito também, mas que representa apenas a elite do país, não o povo em sua totalidade, ou seja, com suas minorias sociais.
Triste não apenas pelos professores de História. Triste também por todos nós. Eu por exemplo, ainda não entendo o porquê de Dilma sofrer impeachment mas continuar elegível, pra mim, tudo isso trata-se de um grande golpe. E, pra todos aquelas que achavam que a corrupção no país só existia por conta do PT, eu digo só uma coisa: o que era ruim pode sempre piorar... e piorar. E piorar mesmo. Ainda bem que vovó não está mais aqui para ver esse retrocesso.
Então penso na canção de Humberto Gessinger:
Em livros de histórias seremos a memória dos dias que virão...
Se é que eles virão.


Apesar de vocês Golpistas, a luta não parará. A luta continuará constante e contínua.
"A nossa rebeldia é o povo no poder."
Pátria livre, venceremos!!! (Cleidi Ozório)

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