Choveu o dia inteiro.
Um vazio imenso no peito.
O abraço apertado ficou largado no canto esquerdo.
As palavras encolhidas, sem destino, totalmente sem jeito.
Coincidência ou não, foi no mês de fevereiro:
9/2/2007 - O estágio em Ilhéus chegava ao fim, e eu retornava para Uruçuca. Eu precisava passar na Emarc para arrumar o ap e então voltar para minha cidade natal. Eu já estava pronta para seguir viagem, quando ele me ligou. Com a notícia do falecimento do pai dele eu desabei, desmoronei e chorei...embora não o conhecesse pessoalmente, eu o admirava, especialmente por ser o pai do meu melhor amigo. Não soube o que dizer. Não soube o que fazer. Então chorei a viagem inteira de volta para casa. Mas, a vontade que eu tinha era de ir voando para Porto Seguro e amparar aquele que tantas vezes fora o meu porto seguro.
17/2/2011 - Com a correria do trabalho eu só desejei-lhe bom dia. Ele me contou a situação. Eu tentei dizer que tudo se resolveria. Momentos depois, enquanto eu atendia uma das mães, nossa colega nos deu a notícia do falecimento do pai dele. Minhas mãos gelaram instantaneamente. Por instantes fiquei tonta. Pedi perdão à senhora que recebia atendimento. Passei o resto do dia atônita. Eu não o conhecia, mas aquele que me dissera que não havia possibilidade de ter amigos verdadeiros na universidade, perdera seu pai. Eu não sabia aonde morava, e não soube o que fazer, as lágrimas caíram dentro de uma cascata escondida na alma. Talvez ele estivesse certo quanto aos amigos universitários.
Clarice Lispector disse que "Viver leva à morte". Mas eu acredito que a morte também leva à vida, porque as pessoas permanecem vivas em nossas mentes. Os bons exemplos que elas deixaram, serão sempre lembrados e honrados. E os momentos juntos, esses serão sempre exaltados com saudosismo, é verdade, mas serão apreciados.
Aos pais dos meus amigos que se foram, embora continuem vivos em nossas memórias, inclusive na minha, que nem os conhecia pessoalmente.