domingo, 27 de novembro de 2011

passado x presente [²]


Sempre que retorno à casa de meus pais, debruço-me sobre as fotografias, cds, livros, cadernos, cartas. Em um desses momentos, resolvi voltar ao passado através da releitura de textos que eu guardei das pessoas que participaram da minha história de uma forma ou de outra. Então, encontrei um texto escrito em 28/11/2004, por alguém que dividiu alguns momentos inesquecíveis ao meu lado durante a época do Ensino Médio. Não sei o porquê de ter ficado com esse texto, nem tampouco posso explicar o motivo pelo qual o guardei e o estimo tanto. Talvez seja pelo fato de que a pessoa que o escreveu, apesar de não mantermos mais contato, continuará sempre sendo muito importante para mim. Inclusive, esse texto é de uma sensibilidade tão profunda, que encanta qualquer pessoa, como acontece comigo, mesmo depois de 7 anos transcorridos:

20:13h

"A lua surge em meio à cidade luz, em que horas atrás se encontrava tão pacífica diante do por do sol, ali há vida envolvida de amor. Não consigo imaginar como seria senão dessa forma, e sei que posso não estar certa disso. Essa dúvida arde profundamente em meu peito, não pense que não. Mas como este dia "perfeito" aconteceu, não irei lagrimejar nem fraquejar nesse instante, tendo que esconder a dor que sei que já sinto, mas não sei o porqueê. Deveria eu saber? Preferia nem pensar em querer afirmar tal sentimento e sensação. Agora vejo que um ser humano é tão dependente do outro que acaba cometendo o crime de acinzentar a grandeza do que deveras sentir devido ao fato de temer o acaso, o incontrolável, o que nos torna submissos uns aos outros. Aí há guerra, há terror, há desesperança... Lembro-me agora do que me impulsionou a sentar-me aqui e me dispor a escrever. Clarice inspira no momento em que declara: "[...]nasci para escrever. Minha liberdade é escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo". Imagino os carros que passam velozes e diretos, à procura de um lugar ou não, uma ocasião para erguer faces que já nem se reconhecem à cerca da imposição de regras de conduta, da mais tola queda de uma criança que deve aprender a andar, até o seu último suspiro, quando jaz, e quando o corpo torna-se apenas espírito. A matéria é decomposta e vidas são recompostas em torno delas. Perdi-me ao dizer tudo isso, mas nada pudera fazer-me esquecer daquele brilho de olharinesquecível, causador de todo esse desespero de minh'alma, que me lembra dos carros acima citados, tão concentrados nas trilhas que seguem e imperceptíveis da presença de ti, tão minha enquanto eu queria que assim seja. Neste momento sua existência só se enxerga por mim, e eu sou única e exclusiva para admirar, desejar, tocar, possuir tudo vindo de ti, e você de mim. Falhei... Precisava não demonstrar, não revelar esse querer tão distante de realidade, vivo em fantasias, assim como os sonhos, tão perfeitos quanto irreais. Como posso conter o que estou sentindo?Como eu queria manter em mim tudo isso (que por ser tão bom de sentir, doi...), até que se tornasse passado, lembrança, algo guardado. Poderia eu querer intensificar e eternizar esse sentimento, mas recuso-me a escravizar-me pelo amor. É... AMOR. Teriam vocês pensado que seria isso? Pois afirmo que evitei declarar essa dor, esse medo, essa fúria. Essa erupção que me faz sentir vontade de tê-la, de entregar-me em sangue, carne, alma. A pureza me conduz em caminhos estreitos, escarpados, dolorosos... E no fim de tudo isso te reencontro no mar, na lua, no céu, nas estrelas, sobretudo em meu coração. Retorno para onde comecei infelizmente ou não, preciso abster-me do meu querer e contentar-me com o que fora apenas real. Mas o que fora real?"

21:04h

P.M.C.

sábado, 19 de novembro de 2011

poesias no sul da Bahia...


(RE)CONSTRUINDO NOVAS LEMBRANÇAS

Reclamo tanto de ficar relembrando o passado;
Relaciono o outrora com tudo o que acontece agora.
Revejo o que passou e aumenta o desejo de mudança.
Rejeito alguns pensamentos e tudo acaba virando uma enorme bagunça...
Quero construir coisas boas para ficar na lembrança.
Chega de ficar reclamando do passado e continuar pensando no que não aconteceu, no que ficou para trás.
Reconstruir novas lembranças é o que me importa agora.
Quero olhar para frente e pensar que quando eu olhar para trás, quando eu olhar para os lados, quando eu olhar nos seus olhos haverá apenas boas lembranças...

AUSENTE

Tão incerto quanto o céu nublado;
Tão confuso como o emaranhado de um grito calado;
Tão assim: angustiante como a espera de um amanhecer ensolarado.
Tá doendo, mas não há ferida; Tá apertando, mas não há nó; Tá incomodando, mas não é o calor. Talvez seja a previsão da partida. Talvez seja a incerteza, a confusão, a angústia, a dor, o aperto, o incômodo da sua ausência.

DÚVIDA

E agora que estou com medo?
E agora que só sei contar nos dedos?
E agora?

SILÊNCIO

Eu quero dizer,
Mas as palavras não saem, não são estruturadas
Há apenas balbucios.
Há apenas pensamentos.
Há apenas terrenos vazios...
Eu quero dizer,
Te juro que quero!
Quero tanto que não consigo dizer, não consigo entender, não consigo olhando para você...
É que quando te olho não vejo apenas você...vejo a esperança, vejo a confiança, vejo junto contigo a vida acontecer.
Então eu não digo.
Eu só sinto.
Então eu me calo.
Eu só disfarço.
Então eu sigo.
Vem comigo?

TRADUÇÃO

Acho que saudade é isso:
a vontade de escrever!
Ou talvez seja apenas a insônia.
Quem sabe não é o hábito de ler?
Quiçá seja somente vontade de dormir e não conseguir. Quanta ironia!

Saudade é difícil de escrever.
Deve ser isso que impede o sono acontecer.
Saudade eu não consigo ver.
Mas que irônico: escrevo quando sinto saudade. Uma calamidade!

Eu quero entender a saudade!
Esse treco no peito que esfola o coração,
Esse troço que move minhas mãos...
Essa palavra que não tem tradução.

INCERTEZA

Não sei o que fazer, nem o que te dizer.
Essa incerteza quase me faz enlouquecer.
Não sei...
Não digo.
Enlouqueço!

por Adrielle Lopes em 16/¹¹/2011^^

sábado, 12 de novembro de 2011

De Fé*


Escrevo para agradecer-te não só por me atender,
Agradeço-te não somente porque entende-me;
Escrevo para agradecer-te pelos dias que tenho passado, pelas conquistas que tenho realizado, pela felicidade que tenho sentido, pela sabedoria que tem me proporcionando...
Agradeço-te porque tu me ouves, mesmo quando converso contigo apenas em pensamento...tu me escutas e me atendes mesmo que eu declare não pertencer a nenhuma religião, mesmo que eu não grite teu nome e nem leia a Bíblia com frequência...ainda assim tu me guias...

Preciso te dizer: "Muito obrigada, Deus!"

Costumo dizer que tu não estás em primeiro lugar em minha vida, porque simplesmente, tu estás no centro dela...tudo que me ocorre é sob tua supervisão, sob tua direção, sob tua visão...
E eu, só quero te agradecer porque minha vida pertence a ti, apesar de todas as minhas falhas, faltas e rebeldias... e eu sei que tu me compreendes exatamente como eu sou, porque tu conheces esse meu pequeno coração...

Tudo que eu preciso dizer neste momento é: "Grazie, mio Dio" ou...como o Humberto Gessinger diria na letra De Fé:

"Eu tenho muitos amigos, tenho discos e livros, mas quando eu mais preciso eu só tenho você...Tenho sorte e juízo, cartão de crédito e um imenso disco rígido, mas quando eu mais preciso eu só tenho você..."