Portanto, tudo o que eu (re)ler agora vai ter outro significado para mim, algo que não existiria outrora.
E então, já que eu não me lembrava direito da história, me entusiasmei com a ideia de fazer a (re)leitura.
Costumo dizer que ler não é perder tempo, é investir no tempo, dar sentido ao tempo. E que baita investimento eu fiz!
Essa história mexeu comigo muito mais agora, que percebo melhor a dor, o sacrifício e o privilégio e felicidade de ser quem sou.
Não me imagino vivendo em outro lugar do mundo.
Não me imagino realizando outras coisas senão estas que me consomem a cada segundo.
Não me imagino não sendo eu mesma, com esse meu coração, que de tão pequeno chega a ser profundo.
Apesar de eu não ter religião, eu amo andar de bicicleta, adoro ir à biblioteca, cinema então, é uma grande paixão. Odeio cozinhar, limpar a casa é uma chatice, lavar banheiro é um tormento. Mas lavar a louça, é a tradução de agradecimento pela comida, pela saciedade, faço isso cantando, pensando, calculando, e olha que sou péssima com números...
Aonde quero chegar?
Na história do livro, claro! Foi para isso que vim aqui. Não foi para falar de mim, embora daqui de onde estou, é impossível me reprimir, é impossível resistir. Então, sempre vai haver alguma coisa que só interessa a mim e nem adianta tentar entender. Egoísmo tolo? Talvez. Mas a verdade é que não sei me separar de mim, nem mesmo para chegar a um determinado fim.
Enfim, lá estão elas: sofrendo com o destino, com o desfecho, com os desafios e desatinos, com as desilusões e com a decadência de uma vida, de várias vidas. E no entanto, vivem e sagram, choram, cantam, embalam, abraçam, superam e apesar da morte, ainda permanecem.
A Cidade do Sol é um livro para ler, reler, refletir, viver e (re)viver. A leitura termina mas o pensamento vaga e anda lado a lado daquelas mulheres sofridas e vencedoras. Nesse momento, eu começo a entender que elas são um pouco de mim e de você. Só me resta, então, agradecer e num futuro qualquer
quem sabe voltar a ler?
;)