quarta-feira, 30 de novembro de 2016

parte IV

Ana estava radiante: nos últimos três anos de sua vida conseguiu realizar todos os trabalhos voluntários que sempre quis. Isso fez com que ela conhecesse vários lugares de seu país e de outros recantos do planeta, sem precisar gastar muito para isso. Além, é claro, de ter tido a oportunidade de conhecer muitas pessoas de diferentes credos, etnias e concepções de mundo. Ela se sentia finalmente realizada. Deixou de acumular riquezas para acumular sorrisos e paisagens. E em meio a tudo isso, se apaixonou de novo. Finalmente a imagem daquele moço de olhos claros e sorriso largo e tudo o que viveram juntos na sua primeira viagem internacional ficou num passado remoto, que habitava apenas as profundezas do seu subconsciente. Agora, Ana tinha encontrado um cara com os mesmos propósitos de vida que ela, com as mesmas perspectivas e vibrando numa mesma sintonia. Se existisse alma gêmea eles seriam a prova concreta de que pertenciam à mesma essência espiritual. Muitas vezes atuaram juntos nos trabalhos voluntários, pensavam em adotar filhos e bichos, morar num lugar tranquilo e sereno como o olhar dela... Os planos já estavam sendo direcionados para a vida a dois, ou três, quatro, cinco, ou quantos seres vivos quisessem viver por perto, no que em breve chamariam de lar. Estavam de acordo que seria bem longe da agitação dos grandes centros urbanos e toda a loucura pela conquista do capital financeiro.

Enquanto isso, do outro lado do planeta, após três casamentos fracassados, e com os negócios arruinados, aquele moço de olhos claros e sorriso largo, já não tinha mais brilho no olhar e nem tampouco um sorriso no rosto. Triste, falido e desesperançoso com a vida, ele lembrou do quanto foi feliz ao lado de Ana, Mas, não fazia a mínima noção de onde poderia encontrá-la. O desejo de vê-la mais uma vez na vida fez com que se re energizasse. Dessa vez, não iria postergar mais essa decisão. iria ao encontro dela nem que para isso tivesse que atravessar um oceano, ou a cordilheira do Himalaia. Ele precisava reencontrá-la, como precisava de ar para respirar. Vasculhou todos os seus e-mails numa procura insana de qualquer tipo de vestígio que Ana pudesse ter deixado naquele passado que viveram juntos. Lembrou-se que ela era enfermeira e tinha sonhos de realizar trabalhos voluntários em vários lugares do mundo. Fez buscas na internet por programas que acionavam voluntários da área da saúde, mas tudo foi em vão. Ele não conseguiu nenhum tipo de informação que o levasse até ela. No final daquele dia cansativo, exaustivo e praticamente improdutivo, o moço de olhos claros e sorriso largo chegou a duas conclusões: ou sua vida continuaria sendo inútil como tivera sido nos últimos três anos, ou ele seguiria os passos de Ana, numa vã tentativa de algum dia poder encontrá-la por acaso. Resolveu seguir essa ilusão. Se cadastrou em um dos programas de voluntariado mundo afora e embora fosse um cara mais voltado aos negócios, dedicaria sua vida a tornar outras vidas melhores, já que a sua já não tinha nenhum tipo de valor para ele próprio. Sem a possibilidade de reencontrar Ana e sem qualquer perspectiva de felicidade, sem dinheiro e sem nenhum tipo de noção do que fazer, ele resolveu seguir rumo ao mundo desconhecido que o esperava.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Sobre o luto pela democracia brasileira

Sempre gostei de história. Durante toda a minha escolarização, esta foi uma das minhas disciplinas prediletas, junto com geografia, literatura e redação.
Mas, especialmente hoje, me sinto aliviada por não ser professora de História. Para não precisar explicar aos meus alunos, num futuro não muito distante sobre o que aconteceu neste 31 de agosto de 2016 em nosso país.
É sabido que sou oriunda da classe operária: minha avó, com descendência indígena, era analfabeta e lavava roupa em casa de muita gente pra poder receber uns trocados e conseguir alimentar os sete filhos, dentre eles, minha mãe, ainda garotinha. Naquela época, não existiam nenhum desses projetos sociais que surgiram no país a partir do governo Lula e que Dilma deu continuação. Nos 14 anos de governo petista muita coisa no Brasil mudou e para melhor. O resultado? Embora minha avó não estivesse mais nesse mundo para conferir de perto, de onde ela estiver, deve estar satisfeita, pois todos os seus sete filhos completou, pelo menos o ensino médio, alguns como minha mãe, já possui especialização. Dos netos, pelo menos oito deles já passaram ou estão cursando o ensino superior, Um deles (meu irmão) já está fazendo o doutorado, tenho primas que fizeram intercâmbio na Europa, através do programa Ciência sem fronteira, o qual já tem data marcada para deixar de existir.
Hoje, relembrando o texto que escrevi naquela segunda-feira, dia 18 de abril de 2016, que apesar de ensolarada, me pareceu tão obscura, o título cabe bem pra hoje: "depois de ontem" assim mesmo, com iniciais minúsculas. Depois de ontem, é hoje... e hoje a presidente Dilma Rousseff  foi impedida de continuar seu mandato. Essa mesma que recebeu um voto meu naquele 31 de outubro de 2010 e que eu só não o repeti em 2014 por causa da Luciana Genro, minha escolhida naquele momento. Lembro até que fiz um post neste espaço para externalizar meu sentimento de orgulho por ser uma das eleitoras dela aqui
No entanto, hoje Dilma Rousseff sofreu impeachment e será afastada definitivamente da presidência a partir de hoje e eu vejo pela televisão e pelas redes sociais Michel Temer assumir a presidência e penso: foi tudo em vão. O hino nacional toca, em seguida, o novo presidente assume o poder e não me sinto orgulhosa do meu país, do rumo que estamos tomando e penso em como devem estar se sentindo os professores de história, eles terão que explicar aos seus alunos que uma presidente eleita legitimamente foi impedida de continuar com seu governo e em seu lugar ficou um cara que, eu sei, era o vice dela, acabou sendo eleito também, mas que representa apenas a elite do país, não o povo em sua totalidade, ou seja, com suas minorias sociais.
Triste não apenas pelos professores de História. Triste também por todos nós. Eu por exemplo, ainda não entendo o porquê de Dilma sofrer impeachment mas continuar elegível, pra mim, tudo isso trata-se de um grande golpe. E, pra todos aquelas que achavam que a corrupção no país só existia por conta do PT, eu digo só uma coisa: o que era ruim pode sempre piorar... e piorar. E piorar mesmo. Ainda bem que vovó não está mais aqui para ver esse retrocesso.
Então penso na canção de Humberto Gessinger:
Em livros de histórias seremos a memória dos dias que virão...
Se é que eles virão.


Apesar de vocês Golpistas, a luta não parará. A luta continuará constante e contínua.
"A nossa rebeldia é o povo no poder."
Pátria livre, venceremos!!! (Cleidi Ozório)

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

realização

Sim.
Estou no caminho certo. Agora eu sei.
Quando comecei a escrever neste espaço - no já longínquo ano 2009 - estava cheia de dúvidas, incertezas, conflitos e confusões, eu tinha 22 anos e não sabia nada do que queria da vida...
Hoje não mais.
Aos 29 anos e 29 dias, acordei com a certeza que este é o caminho que eu quero seguir, que esta é a vida que eu sempre quis.

Primeiramente, #foraTemer

Não tenho filhos. Não tenho que me preocupar em alimentar, vestir, educar, cuidar, criar outro ser humano, além de mim mesma. Tenho consciência de que sou livre. Sou dona absoluta de mim. Sou completamente livre para ir e vir, sem me preocupar em estabelecer horários para amamentar. Sou tão livre que se eu morrer hoje não deixarei rastros (nem filhos, nem posses, nenhum tipo de herança genética ou financeira). Ninguém dependerá de mim para viver. Ninguém achará que a vida é insuportável se isso acontecer. Sou tão livre que posso pensar em viajar para qualquer lugar do mundo sem me preocupar se farei falta para outro alguém, sem me preocupar em sustentar outra pessoa, sem de nenhuma forma me preocupar. Eu simplesmente irei, com saudades, é verdade, mas sem nenhum tipo de remorso ou culpa.

Além disso, tenho o emprego que eu sempre almejei.
Sou completamente realizada com o exercício da docência. Não trabalho em hospital, não trabalho em canteiro de obras, nem em escritórios fechados e hostis.
Meus olhos se enchem de lágrimas ao pensar que estou contribuindo com a formação acadêmica e pessoal dos meus alunos, passando valores que os melhores professores que eu tive me passaram... Não gostaria de fazer outra coisa na vida que não fosse ensinar. Que bom que eu não me rendi ao status social dominante para fazer Direito.

Sou grata à Educação Física por me salvar de ter uma vida enfadonha, monocíclica e por vezes, estressante. Não quero dizer com isso que ser professora de Educação Física não me deixe estressada em alguns momentos. Mas de fato, essa profissão é extasiante, é dinâmica, é emocionante e eu não a trocaria por nenhum - eu disse nenhum - dinheiro do mundo. Até porque a sociedade que eu vislumbro não está focada em quanto você ganha por ano, mas sim, no quanto de felicidade que a sua profissão proporciona a você e a outras pessoas neste período. Mas, se você acredita que o mais importante é o dinheiro, fica tranquilo, eu não vou te julgar, até porque eu amo receber dinheiro, e penso, inclusive, que eu deveria ganhar mais na minha profissão. Entretanto, não é isso o que me move, não é isso que me faz acordar de manhã com as esperanças renovadas e... nenhum dinheiro do mundo vale mais que chegar em casa do trabalho - cansada, porém realizada - e ler uma mensagem de uma aluna, agradecendo pela aula daquele dia.

Não tenho nenhum tipo de inveja de qualquer mulher casada, mãe e com a vida perfeita, com carro, casa e closet separado para roupas e sapatos... Vocês, minhas queridas, podem - e devem - ser felizes e realizadas com a perfeição que vivem, e eu fico feliz que vocês vivam assim, porque é a vida que escolheram. Mas não é, pelo menos, neste momento, o que quero para mim.

Gosto da minha liberdade, da minha vida agitada, de pegar a estrada toda semana. Gosto de só me preocupar em pedalar e não em dirigir, apesar de começar a sentir falta da carteira de habilitação. Gosto da minha bagunça de roupas e sapatos, embora meus livros estejam sempre muito bem organizados. Gosto de não ter filhos, eu já disse isso, mas adoro reforçar. Gosto de ter o nome que os meus pais me deram e não o sobrenome de outra pessoa, indicando que sou casada, apesar de às vezes querer usar uma aliança no dedo anelar esquerdo, só pra indicar que apesar de não ser casada, também não sou solteira, Gosto de ser quem sou, gosto que me chamem de professora, gosto que me questionem, que me confrontem, mas que me respeitem, como respeito - gentileza gera gentileza - gosto de não seguir nenhuma religião, gosto de tudo que eu sou e de tudo o que me tornei. Enfim, gosto do que estou vivendo, me sinto completamente realizada e embora ainda queira, para um futuro não muito distante, ter um cantinho para criar raízes, este momento eu não trocaria por nada.

Gratidão à vida, aos deuses, ao universo, à minha loucura. 

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Parte III

Ana caminhava lentamente pelas ruas movimentas daquela grande cidade. Enquanto os carros apressados passavam por ela, deixando um rastro de poeira no ar, Ana simplesmente estava absorta em seus pensamentos, organizando e planejando mentalmente todas as coisas que ainda precisava realizar naquele dia, e entre tantas tarefas e compromissos, por alguns instantes, desejou estar em outro lugar, estar realizando outras tarefas... e, de preferência ao lado daquele moço de olhos claros e sorriso largo. Então, ela se deu conta de que aquela não era a vida que esperava há cinco anos...

Do outro lado do oceano, em outro continente, aquele moço de sorriso fácil, deitado em sua confortável cama, sentia-se o cara mais realizado do mundo. Tinha tudo o que queria. Não precisava se preocupar com nada, nenhum problema o incomodava. Mesmo assim, de vez em quando, se pegava pensando em Ana e no quanto ainda desejava encontrá-la novamente. Sentia uma pontada de revolta ao lembrar do quão egoísta fora por não insistir para que ela ficasse. Mas, se deu conta de que Ana era do mundo. Do mundo dela. E ele, mesmo com aquele sorriso largo, e seus brilhantes olhos claros, jamais a convenceria do contrário, caso ela não quisesse. Se imaginou casado com Ana, num lugar calmo e sereno como o olhar dela. De todas as moças com quem ele se relacionou na vida - e não foram poucas - somente Ana conseguiu chegar às profundezas de sua alma. No dia em que se conheceram, no voo rumo à terra dele, ela simplesmente o fizera se sentir o cara mais incrível, que ele não era. E depois, tudo o que viveram juntos por quase dois anos, foi tão maravilhoso... O que o fez perdê-la? É como se ela tivesse evaporado junto com o orvalho daquela manhã, mais quente que o normal para esta época do ano. Num rompante de realidade e fantasia decidiu abdicar de todo aquele conforto. Estava obstinado a encontra-la. Mas, pode onde começar? Por alguns instantes se convenceu de que ela era a missão da sua vida. Então virou-se para o lado oposto da cama e dormiu profundamente.

fórmula da vida

. Já disse: não sou só.
Sim, eu reconheço o princípio da individualidade. Mas, esse é só um detalhe.
O principal é que eu sou um resultado, uma junção de variedades. E a primeira dentre todas essas variáveis é ser filha de quem eu sou:
tenho os olhos do meu pai, o mesmo gênio dele, a mesma ansiedade e preocupação.
Mas é nela em quem me espelho. Ela é tudo o que eu almejo, e sei que jamais conseguirei alcançar porque ela, para mim, é sinônimo de perfeição.
Então a minha busca é continua...
Ela tem uma serenidade no olhar tão profunda que acalma minha alma, mesmo nos dias mais estressantes e confusos.
Tem um jeito todo especial de me chamar a atenção.
Ela conhece cada cantinho da casa e do meu coração.
E eu, que tenho muito mais características físicas e psicológicas do meu pai, confesso abestalhada que a minha mãe é a minha grande e inalcançável inspiração.
Sou o resultado da criação deles. Mas acima de tudo, sou a procura pela calmaria dela...

quarta-feira, 11 de maio de 2016

qual o projeto para amanhã?

Entre os estudos de Inglês e Espanhol, leitura de livros e artigos científicos, planejamento de aulas e acompanhamento da atual conjuntura política do país, emerge das profundezas do livro que estou lendo a seguinte reflexão: "Tanto quanto o ar e os alimentos são imprescindíveis para a manutenção da vida em sentido biológico, os projetos o são para a existência de uma vida plena, em sentido humano. Continuamente, os projetos nos alimentam, nos impulsionam para a frente, nos mantêm vivos. As utopias constituem inspirações para projetos, contribuindo para uma articulação fecunda entre aspirações individuais e coletivas". (Nílson José machado - Cidadania e Educação - 2002).
Falar em projetos como o autor citado acima fez me provocou uma ânsia de amanhã, ânsia de mudança, ânsia de resgate daquela jovem que saiu do interior, viveu na capital e agora retorna ao interior pra tentar conseguir mais do que capital financeiro. Penso em tudo que me trouxe até aqui e quais são os projetos para o futuro? Me parece que mesmo com todas as dificuldades em torno da realidade cotidiana que alimentar o corpo é menos difícil que alimentar a alma. Então, escuto uma música que me toca o coração só pra tentar me reinventar enquanto humana utópica. Em essência é a utopia de um mundo melhor que me faz acordar com esperança e ter dificuldade em dormir porque ainda falta muita coisa para conquistar, melhorar, enfrentar...
E amanhã? Qual é o projeto que nos mobilizará? O que nos vai impulsionar?
estou acompanhando as notícias pela tv, pelas redes sociais e coloquei a música para repetir. A lição de inglês e espanhol eu já conclui. Mas e os projetos para o futuro, como eles ficaram? Como ficarão? Tenho que alinhavá-los, confeccioná-los. Mas eu não estou solta no mundo, não sou uma ilha deserta. Se você estiver comigo então os projetos podem se fortalecer. Mas eu, sozinha, só sei sobreviver.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

andarilha

...hoje é sobre mim:
nasci no interior da Bahia. Morei na capital do Espírito Santo e atualmente exerço minha profissão de volta ao interior (de Minas Gerais).
As madrugadas que outrora eram preenchidas de um sono profundo - quase como num conto de fadas - têm sido mais claras que os dias mais ensolarados do verão passado.
Leio um capítulo de um bom livro, mas não consigo me concentrar. Deito. Fecho os olhos. Me aqueço. Mas nada disso adianta.
A mente permanece ligada, eletrizada, incendiada de questões: estou cumprindo o meu papel? como posso ser melhor? é uma agonia que só!
Então vem à tona a vontade de voltar, de largar tudo, de me anular.
E em seguida a consciência de que é preciso seguir, de que se eu vim até aqui não adianta mais olhar pra trás, tenho que ir até o fim. Já cantou HG.
É... eu avisei que hoje eu iria falar de mim. Se quiser, pode ir. Não se preocupe: não vou guardar mágoa, nem sei mais se eu sinto a sua falta. Meu destino é andar. Odeio correntes e limitações. O céu é o limite?
Corre sangue baiano nessas veias, embora eu não goste de acarajé, nem de pimenta, nem de farinha, nem de axé, nem da capital do meu estado...
Passar quase três anos na capital capixaba me fez mudar mais do que eu poderia supor, o casco endureceu e amoleceu e ficou nesse efeito sanfona por um bom tempo. Mas as raízes permaneceram - ou será que algo escapou e eu não me dei conta?
E durante esses quatro meses em que estou no interior mineiro me vi do avesso com tanto aconchego. Por isso a vontade de melhorar, de superar obstáculos, de amparar... Como toda boa mãe faz. Mas que engraçado, eu não sou nada: não passo de uma professora que se questiona, que repensa sua prática docente, que ama a docência e então eu percebo que por mais que eu creia, isso não é sobre mim.
Não é por mim, no final das contas. É por eles. percorrer o mundo me faz ser melhor por eles, para eles e com eles.
Mas ainda tenho tanto que caminhar... a jornada é lenta e cada dia é um caminho diferente, embora eu pense que sempre irá voltar pro mesmo lugar.
Eu, e minha sina: ser uma andarilha, pequena abelha polinizadora de sonhos.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

depois de ontem


Hoje é resultado de ontem que trará consequências para o amanhã e provavelmente nem eu nem você estarems aqui para ver. Mas, refletindo sobre o que aconteceu ontem, chego à conclusão de que estou com medo não só desse futuro incerto no qual podem ressurgir sombras do passado perseguindo e matando a verdade.
Especialmente hoje o meu medo é desse momento atual, do tanto de gente que aplaudiu o discurso de Jair Bolsonaro ontem durante o processo de votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Queria simplesmente não ter conhecimento, queria beber da água da ignorância, estar à margem de tudo isso, não me importar, queria não saber que a Ditadura Militar foi um dos piores (senão o pior) momentos que o Brasil vivenciou, só pra não ligar para o que aconteceu. Vejo pessoas retomando a vida num boa, tranquilas, como se nada as atingisse. Tenho inveja delas: hoje eu quase não consegui viver, me sentia desolada, parecia que estava de luto. E estou. Por todos que sofreram e lutaram e morreram durante a Ditadura Militar, estou de luto, porque ontem, aquele infeliz, canalha foi aclamado, aplaudido e ovacionado com seu discurso homenageando os militares de 1964, e em especial a um torturador da Ditadura. Meu Deus! Ainda não acredito que vi/ouvi isso! estou perplexa como um cara desse ainda tem apoio do povo? Não. Eu não quero viver para reviver os horrores da Ditadura Militar. Não, eu não quero viver num país em que muitas pessoas apoiam esse crápula. Não. Meu voto é não! E não venham pra cá com 'discursinhos' de falsa moral. Eu quero que esse Deus de vocês esteja muito, muito, mas muito longe de mim, porque eu O odeio e odeio também todos aqueles apoiam torturadores, que agem como torturadores, que votam em torturadores. Aonde Jair Bolsonaro e sua corja estiver, eu estarei do lado oposto! E como eu vi numa imagem qualquer com ao foto do Marighella do lado: "A única luta que se perde é aquela que se abandona". Então, foices e martelos na mão, vamos à luta!






terça-feira, 12 de abril de 2016

Parte II

Os primeiros raios solares apareciam timidamente indicando o início da manhã.
Ana abriu os olhos e imediatamente se deu conta da claridade matinal, sentindo uma pontada de saudade do escuro da noite que passara. Agora era hora de voltar à vida real.
Vagarosamente olhou para o lado e sentiu um calafrio percorrer-lhe todo o corpo: a noite anterior, ao lado daquele moço de olhos claros e sorriso largo que conhecera no voo da sua primeira vagem internacional, tinha sido uma das melhores que conseguia se lembrar durante essas três décadas vividas. Ela notou que ele parecia tão confortável ao seu lado e continuava iluminando tudo ao seu redor, mesmo com os olhos fechados e o sorriso desfeito. Mas, por alguns instantes, admirando-o dormir Ana percebeu um singelo sorriso no canto dos lábios daquele moço. Nem dormindo ele deixava de sorrir-lhe.
Vagarosamente Ana levantou-se tentando fazer o menor ruído possível, sem tirar os olhos dele. Seu pensamento vagava, mal poderia acreditar que havia se passado dois anos desde que eles se conheceram naquele avião. Mas ela precisava seguir sua viagem de volta. E ele, infelizmente, não caberia na sua bagagem. Um lágrima desceu sob sua face enquanto ela trocava de roupa e mais outra quando ela olhou o relógio se dando conta de que não poderia ficar ali nem mais um minuto.
Ana quis se despedir, afinal, não saberia quando iria encontrar de novo aquele moço de olhos claros e sorriso largo. Mas corria o risco de perder o horário caso o acordasse para as formais despedidas, que poderiam acabar não sendo tão formais assim. Ela decidiu sair de uma vez.
Antes de bater a porta, ao invés de dizer adeus, ela disse apenas:
- Até mais.
E pensou: "que possamos um dia nos ver de novo, meu moço".
Como saiu às pressas não conseguiu ouvir o que ele respondeu, mesmo sonolento:
- Ainda vamos nos encontrar de novo, minha moça".
Então ele fechou os olhos.

E dormiu.


Fim.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

À primeira vista

Quem me conhece sabe que não costumo escrever contos, nem ficção. Embora adoraria.
Só escrevo sobre o que se passa aqui no meu coração. São tantos conflito e confusões.
Mas hoje resolvi me recriar, me repaginar. (Nem estou conseguindo acreditar).
Hoje não vou falar de mim... (Ai, será que vou conseguir?)
Vou me permitir escrever para além de mim...
E, sinceramente, não espero que gostem.
Só espero que a história floresça. Ela não precisa ser lida. Eu só preciso que ela aconteça:

I parte

Era a sua primeira viagem para o exterior. Ana sempre acreditou que quando esse momento chegasse, estaria segurando nas mãos do amor de sua vida, contemplando ao seu lado, as maravilhas de poder ver pela janela do avião um outro país se aproximando. Mas, diferente do que ela imaginou, a poltrona do seu lado estava completamente vazia. Entretanto, não apenas por isso ela se sentia sozinha: aquela era uma viagem só de ida. Pretendia permanecer fora do país por mais de um ano.
Antes de ajustar o cinto de segurança, aquele moço de olhos claros e sorriso largo se aproximou. Ela jamais vai compreender se aquilo foi amor à primeira vista, ou apenas encantamento. De fato, desde que ele surgira ela simplesmente não conseguia parar de olhá-lo. Principalmente quando ele lhe disse com a voz mais suave que ela jamais imaginara:
- Com licença, moça, parece que vamos ser colegas de voo. Ele disse mostrando sua passagem com o número da poltrona. Bem ao lado daquela em que Ana estava confortavelmente sentada.
Sem nem ao menos notar a passagem nas mãos daquele moço de olhos claros e sorriso largo ela pensou: "Espero que sejamos muito mais que apenas colegas de voo". Mas naquele momento, nada foi dito.
Ela apenas sorriu. 

E partiu.




Fim.



*Acho que estou começando a pensar seriamente em escrever um livro este ano. 
Não pretendo ter filhos. Já plantei árvores. Já conclui a pós-graduação. Talvez esse seja o momento. Talvez não. A correria do cotidiano me suga tanto que mal sobra tempo para escrever. Mas, vamos esperar os próximos episódios. Eu disse que hoje não iria escrever sobre mim. Não tenho jeito mesmo: eu posso até criar ou recriar outras cenas, mas a verdade é que eu não sei fugir de mim e mais cedo ou mais tarde, olha a minha cara aparecendo nos textos ;)










quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

E então 2016 chegou

O tempo é mesmo implacável.
Já estamos em 2016 - o tão esperado ano das Olimpíadas no Rio de Janeiro.
2015 ficou para trás, já virou fotografias do passado nos meus arquivos do computador.
Pra muita gente o ano que passou foi péssimo.
Pra mim, foi surpreendente.
Muita coisa boa aconteceu.
Até hoje a ficha ainda não caiu: estive na Alemanha e na Holanda...
Me tornei mestre.
São coisas que eu não imaginava que aconteceriam há cinco anos...
Mas se concretizou e eu me sinto grata à vida por ter me proporcionado momentos tão maravilhosos.
E no meio disso tudo: as pessoas que eu amo do meu lado, mesmo quando estão distantes geograficamente.
Dentre todas as coisas boas que me aconteceram e as que estiverem por acontecer. A melhor delas sempre foi, é e será: ter ao meu lado essas pessoas que me fazem acreditar que a vida é linda, que vale a pena viver e que tudo vai dar certo.
Eu não sei o que 2016 tem pra mim, mas se essas pessoas continuarem comigo, sei que será um bom ano, independente das minhas vitórias e conquistas pessoais.
Eu não me canso de dizer que minha maior felicidade não está em mim. Minha maior felicidade  são essas pessoas estarem comigo!!! ^^