segunda-feira, 26 de maio de 2014

carta para a solidão!

 Vix, 03:59h 26/05/2012

Oi Solidão, tudo bem?!                                                                        
Quanto tempo não nos vemos, não é mesmo?

Não me lembrei de te escrever antes porque estive muito ocupada: quando não estava lendo, escrevendo ou estudando, estava conversando, desfrutando da presença das pessoas que me fazem companhia... desculpe ser sincera, mas não tive tempo para você nos últimos anos, sabe como é, estou namorado...

Lembra de quando passávamos horas e horas (às vezes dias) só eu e você? Ficávamos juntas o tempo todo e eu adorava sua companhia, você gostava da minha?

Depois que eu te deixei, muita coisa mudou... muita coisa também permanece igual, só você vindo aqui para saber, porque por aqui não dá para descrever!

Esses dias eu pensei em te ligar, estava precisando tanto conversar, eu ia te chamar para vir me visitar, mas não quis te importunar, tem tanto tempo que a gente não se fala que fiquei com vergonha de te incomodar... desculpa novamente minha sinceridade, às vezes parece que devido à minha obstinação em ser sincera, implica em ter que ser dura, grossa e insensível, mas você me conhece (melhor do que eu mesma) e sabe que minha intenção era só dizer que fiquei com receio de te ligar...

Mas, então tive a ideia de te escrever esta carta... Eu sei, não precisa me dizer que isso é coisa do passado, afinal, ninguém mais escreve cartas, estamos no tempo das redes sociais, do telefone móvel, do email, do sms do WhatsApp... não precisa me chamar de atrasada, embora eu esteja sendo... então me chame mesmo, não vou me importar se você me disser que sou ultrapassada, até meu irmão já disse que sou uma velha rabugenta...isso não é nada!

Bom, também não quero roubar teu tempo (eu já o roubei demais) apenas saiba que vez ou outra eu penso em você, e às vezes eu sinto saudade daquela época em que só você conseguia me entender...de vez em quado eu só queria te ver, te dizer como a vida está a acontecer. Mas eu sei que estamos separadas agora, nem faço a mínima ideia de quando estaremos juntas de novo, mesmo assim, não esqueça: você estará sempre em minha memória e não importa o que aconteça, vou me lembrar de você com a mesma sutileza! ;)

E quem sabe uma hora dessas a gente não acaba se encontrando de novo?!

Com muito carinho e atenção, da sua eterna criança!
ALS

domingo, 25 de maio de 2014

quase nada...


Só sei que nada sei, já disse o filósofo Sócrates no alto de seu esforço intelectual...
Bom, no meu caso, pra ser sincera, o que eu sei é pouco, bem pouco, mas muito pouco mesmo, quase nada...e nem preciso me esforçar tanto para chegar a esta questão conflitual!
E o que sei de mim é menos ainda: quando eu penso que já sabia de alguma coisa, vem as circunstâncias da vida e muda tudo de lugar, muda bem devagar ou então joga de uma só vez, tudo pro ar e me vira de cabeça para baixo, desmonta o meu quebra-cabeça, algumas peças fatalmente somem e não faz sentido tentar encaixá-las no mesmo lugar, afinal, sempre uma peça faltará...
Um dia eu tô bem assim...
No outro eu tô aqui, às vezes eu só quero dormir... mas agora eu vejo a madrugada passar e me contento apenas em aproveitar (será que estou aproveitando mesmo?) para me traduzir, embora eu saiba (ou será que eu também não sei?) que toda tradução é uma alteração... no fundo, não há muito o que dizer, nem precisa, né? Melhor que dizer é ser!!!
Mas a gente muda, bom, pelo menos eu mudo...(ou é só impressão minha?)
Um dia eu gosto do meu cabelo bem liso, no dia seguinte eu tenho vontade de por dread...
Tem dias que eu penso em emagrecer, agora, eu só quero saber de comer!
Tem dias que eu me sinto um bolor... mas, na maioria das vezes me sinto uma flor!
Está na cara que eu sou uma bocó!
Mas tudo bem, melhor ser assim do que não ser, ou pior: ser quem não sou!
Eu leio as notícias, assisto os jornais, vejo as propagandas, observo os comerciais... e sinto que não pertenço a este mundo...
Eu leio as revistas científicas, assisto os vídeos de comédia, leio livros policiais... mas pouca coisa me chama a atenção e por alguns segundos não me sinto pertencer ao grupo dos seres humanos, sou um biótipo estranho dessa espécie....  um ser em transe profundo*
Acho que é o bastante (na verdade, não é quase nada), então, vou ficando por aqui e descobrindo por ai o que é que realmente eu sei de mim... esperando as circunstâncias me moldar, ou moldando as circunstâncias ao meu redor, gosto de vivenciar a velha dialética do ser ou não ser... no fundo, quem bem sabia de alguma coisa desta vida era o tal do Sócrates... cara sábio, disse tudo, sem precisar dizer muito, ou melhor, sem precisar dizer quase nada! ^^

terça-feira, 13 de maio de 2014

Maternidade: dispenso!

Eu sei que Mãe é Mãe...

Mas eu prefiro não ser!

Me dá ânsia de vômito só de pensar em carregar por 9 meses um ser dentro de mim - que vai me engordar, me trazer estrias, dores nos pés, na coluna, nos seios... Eu, sinceramente, sinto dó das mães que vejo vomitando na rua, daquelas que têm pressão arterial elevada por causa do filho, elas têm de ficar toda hora indo no banheiro porque a bexiga está comprimida. Imagine só: você ter seu corpo invadido por um bisturi, ter que fazer cesárea, ou passar pelo sofrido parto normal. Meu Deus!!! Eu ficaria louca por causa dos hormônios, e pior: perder infindáveis noites de sono para amamentar. Meu Deus! É muito sofrimento para uma pessoa só, e ainda é só o começo... Nada garante que quando este ser recém-nascido não se torne no futuro um adolescente irresponsável, inconsequente e usuário de drogas!

Definitivamente, não me sinto pronta para renunciar minha vida por causa de outro ser, um ser que dependeria de mim para tudo em tempo integral. Me dá arrepios só de pensar que eu teria que me abdicar de minhas vontades e anseios, meu sono e meus hábitos por causa de outro ser humano. Eu teria que deixar de lado os meus amigos, teria que ficar em casa quando todos estivessem se divertindo. Teria que deixar de viver a minha vida e simplesmente para quê? Para criar um ser humano, para educá-lo e prepará-lo para o mundo-cão lá fora e além disso tudo, ainda suportar o choro nas madrugadas, suportar as pirraças, as mal-criações, as birras... aff, eu quero estar bem longe da maternidade e espero que ela só lembre de mim quando eu estiver com 40 anos, quem sabe então aí eu não vou sentir necessidade de passar por todos estes tormentos? Quem sabe aí já terei vivido o suficiente para aproveitar minha vida, juventude, tempo e beleza? Quem sabe então meu relógio biológico já terá encerrado suas atividades e eu adote uma criança?! Mas enquanto isso...

Não... não mesmo! 

Mãe é MÃE...."simples" assim...

E é por isso que eu quero estar aqui: do lado de fora da maternidade e viva à minha esterilidade!

domingo, 11 de maio de 2014

2014? Não... 2005 mesmo!

O passado resolveu voltar de novo:


Dessa vez ele bateu de leve na minha porta, mas ela já estava entreaberta, exatamente do mesmo jeito que ele havia deixado da última vez em que tinha aparecido. Nem precisou me pedir permissão para entrar, já conhecia o caminho, foi logo chegando, se sentando, me cumprimentando, me amansando e conversando sobre coisas que eu nem sabia que lembraria mais... Eu ofereci um chá, ele preferiu café, queria se manter bem alerta, garantir que ficaria acordado o máximo de tempo possível e assim não me deixar dormir. Ficou ali encostado no cantinho do sofá me fisgando com aquele olhar, com um sorriso de satisfação no canto da boca. Fiquei intrigada com aquele comportamento, embora não fosse a primeira vez que ele se portava assim...
Eu falei para ele que concordava com Mário de Andrade quando este disse que "O passado não reconhece o seu lugar, está sempre presente". Ao ouvir isso, ele simplesmente zombou de mim, cruzou os braços e disse que sempre seria assim, então que eu parasse de reclamar pois, mesmo que eu não quisesse, ele estaria comigo em qualquer lugar que eu fosse, independente de espaço e tempo. Fiquei incomodada com a resposta dele, por que simplesmente o passado não permanecia no passado? Não seria mais simples se fosse assim? Não entendo o porquê dele sempre me visitar, só para me lembrar e reforçar, que um dia andamos juntos, lado a lado, de mãos dadas. Ele não me deixa esquecer, por mais que eu tente me manter afastada, volta e meia ele vem me visitar e me abraça forte, não me deixa mesmo escapar...

Pedi para ele me deixar em paz. Ele me disse que já é a minha paz.
Eu disse para ele que eu estava muito bem aqui, e a presença dele não é era tão bem vinda assim.
Ele nem respondeu, fingiu que não me ouviu (ou será que ele não acreditou no que eu falei?)
Apenas passou a mão em meu rosto e me disse: "Não tardará a ter rugas, precisa cuidar mais dessa pele, está usando filtro solar? Precisa se hidratar, se cuidar, vá malhar! Para de comer essas porcarias, você tem as mesmas manias de 10 anos atrás".
Mas em nenhum momento eu pedi a opinião dele! Oche, quem disse que eu me importo com o que ele pensa? Eu só queria vê-lo bem longe daqui, que ele se afastasse de mim... Eu estava cansada, não queria mais perder tempo com ele, tinha tantas coisas para fazer. Mas ele não se importou com isso, disse que eu não precisaria me preocupar, porque para ele só bastava estar aqui do meu lado... Respirei fundo, o jeito seria me render e me conformar, simplesmente aceitar que ele queria ficar e nada, nem mesmo eu, poderia impedi-lo de me acompanhar... Procurei um abrigo para ele do lado de fora da minha casa. Vichi, ele não gostou nem um pouco dessa minha atitude, ficou me provocando, disse que até o cachorro dorme na minha cama, por que ele deveria ficar do lado de fora?
Então, no meio da noite eu ouvi ele entrando no meu quarto (esqueci de trancar a porta - de novo!) na ponta dos dedos, e então deitou do meu lado, queria dormir comigo e de repente, ele apareceu em meus sonhos (ou eram pesadelos? não me lembro mais) só sei que quando acordei a primeira coisa que pensei foi: "Passado, cadê você? Já me deixastes de novo? Volta logo... Estarei sempre aqui te esperando com uma xícara de chá na mão".