quarta-feira, 16 de maio de 2018

De lá pra cá

Dois meses se passaram.
E a cada ida e volta do percurso Vitória -Manhuaçu submergiram tantos textos... todos ficaram aqui dentro, na minha mente... e eu tinha tanta coisa pra contar, tanta coisa pra extravasar, tanta coisa pra vomitar...(Tudo é igual quando se pensa
Em como tudo deveria ser, há tão pouca diferença e há tanta coisa a fazer), mas ficou retido, preso e condenado a me ferir todas as vezes em que antes de dormir passei horas pensando neles e ao acordar no outro dia ao invés de materializá-los o que se encontrava era apenas o check-list dos afazeres diários... os textos, que outrora se resguardavam na minha memória se transformam agora em no que preciso comprar no supermercado e na avaliação dos trabalhos acadêmicos dos meus alunos.
Sempre me orgulhei da minha ótima memória (herança do meu avô materno), porém tenho a impressão de que depois dos 30 ela tem começado a falhar. Cadê meus textos que estavam aqui ainda ontem?
Eu tinha elaborado um texto pra externar a saudade do meu irmão, comparando com a sensação que tive quando aos 17 anos tive que ir morar em outra cidade e o quanto isso acabou me matando de saudade... em 2005 meu irmão estava descobrindo as maravilhas e dissabores da adolescência e eu não estava do lado dele pra acompanhá-lo. Foi assim até 2008 quando ficamos juntos novamente, mas todo mundo acha que a gente sempre morou junto... e pensando melhor, acho que estão certos: moramos no coração um do outro, impossível estar mais junto que isso. Mas faz falta... a risada, as brincadeiras, a preocupação, o cuidado... as séries que assistimos juntos (How I Met Your Mother, Altered Carbon, Friends, Chaves, Chapolim), os desenhos (O fantástico mundo de Bob, Pica Pau, Tom e Jerry), filmes (Velozes e furiosos, Guardiões da Galáxia e aquelas comédias românticas que ele escolhia e eu adorava criticar dizendo que era clichê, mas na verdade eu me divertia) e, claro, nosso anime favorito desde a infância (Cavaleiros do zodíaco).
Faz falta também aquela amizade de quem te escreveu cartas, fez desenhos e orações, de quem te abraçava toda vez que te encontrava e que sem mais nem menos, sem apresentar nenhum motivo, se afastou, te ignorou, te anulou e sequer te cumprimenta mais, nem por educação. Como entender? Como acreditar de novo em novas amizades?
Ora, seguindo... quem suporta a saudade do irmão que está em outro estado, dos pais e do namorado que moram num outro estado, dos amigos que moram longe, então se pode suportar qualquer coisa, concorda?
E o fato de não ter sido aprovada nos concursos públicos ainda é a mostra de que  é preciso nos fortalecer, amadurecer ainda mais, endurecer se for necessário, mas jamais deixar de acreditar na possibilidade das novas amizades, das novas histórias e fotografias a serem compartilhadas e a minha turma do primeiro período de Educação Física tem sido uma dádiva nesse sentido.
Portanto, mesmo com as perdas, com as lutas e as dificuldades de suportar tudo o que acontece na vida, a gente vai resistindo, tentando manter a sanidade apesar da loucura que é este mundo.
Então a gente vai seguindo, sorrindo, torcendo por dias melhores, agradecendo pelas boas pessoas que aparecem em nosso caminho e pelas que se retiraram também. As pessoas devem ser livres para ir e vir como eu tenho feito nessa jornada. No fim das contas o itinerário Manhuaçu-Vitória que realizo desde 2016 não é tão longo assim... Profunda mesmo é a capacidade que tenho desenvolvido de seguir mesmo com e apesar de todas as adversidades... e não apenas seguir, mas seguir sorrindo, vibrando amor e paz. Agora é hora de dormir que amanhã tem dois boletos para pagar, tem prova para elaborar, tem aula pra planejar e uma sombrinha pra comprar.

3 comentários:

  1. Lindo seu texto. E assim resistimos com a saudade do passado e vivendo o presente aguardando o futuro...

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