domingo, 12 de setembro de 2010

1ª frustração na condição de professora...


Desde o início de maio deste ano eu venho ministrando aulas de natação para crianças de 3 colégios públicos da cidade de Jequié, visto que participo como monitora de um projeto de extensão universitária, o qual tem por objetivo ensinar crianças e adolescentes (dos 9 aos 15 anos) a nadar e a desenvolver o hábito de leitura, paralelo com a natação.
Porém, na última sexta feira, eu simplemente não soube o que fazer:
Ele era o primeiro aluno a chegar às aulas, (mesmo nos dias frios das manhãs de inverno), dedicado e comportado, ele demonstrava adorar as aulas de natação. Não gostava muito da ideia de ter que ler, mas seu desenvolvimento no meio líquido foi surpreendente, pois no início das aulas ele não tirava as mãos da borda, mal se deslocava na piscina. No entanto, após 4 meses ele já estava realizando o movimento do nado Crawl de forma correta, já tinha perdido o medo de se desprender da borda da piscina e estava prestes a aprender o nado Peito. O mais incrível, ele não apenas leu o livro indicado, mas foi o único aluno da turma que fez um resumo...além disso, participou da discussão oral satisfatoriamente....
Justamente nesta manhã, em que o tempo estava agradável, ele veio até mim, sem ao menos olhar nos olhos, e me disse que não queria mais participar das aulas de natação. Fiquei totalmente sem reação...eu o questionei sobre todas as possibilidades cabíveis para que ele chegasse até aquela conclusão, mas ele simplesmente não me apresentou nenhum argumento para tomar tal atitude. Fiquei sem chão. Lágrimas vieram aos lindos, pequenos e castanhos olhos dele, então eu desisti de tentar perguntar o que o levou a tomar aquela decisão para não chorar junto com ele e terminei dizendo que se por acaso ele mudasse de ideia, eu estaria ali, à espera do retorno dele.
Só não sei por quanto tempo eu vou suportar esperá-lo voltar às aulas. Não sei se é o certo, mas vou procurá-lo na escola onde ele estuda e não vou me dar por vencida enquanto não receber uma explicação coerente para a desistência dele das aulas de natação. Até lá, estarei na condição de professora frustrada, pela primeira vez.

3 comentários:

  1. amiga estou comovido com seu relato. eu tive várias frustrações em meus estágios, mas sei que fiz tudo para trazer alívio ao sofrimento do outro. Vc fez sua parte muito bem, veja que o garotinho e vc sairam diferentes dessa relação, um fez com que o outro se transformar e vice-versa

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  2. Como é bom ver pessoas como vc, preocupadas e interessadas no desenvolvimento completo e sadio das crianças!! Infelizmente, essas intempéries ocorrem na vida profissional de qquer um. Mas tenha sempre a convicção de ter lutado pra q isso não acontecesse e a certeza de sua parte vc fez. Portanto, não se desespere e confie que, ao final, as coisas tomarão o rumo correto.

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  3. Ô Driiiiiiica, se eu fosse você eu não iria procurar esse aluno não. Até pq hj vc pode ter o tempo disponível e até conseguir descobrir o pq ele desistiu de participar de suas aulas (q são motivantes e interessantes), mas na sua vida profissional as coisas serão bem mais difícieis e concretas. Pq nem para todas as perguntas nesse mundo nós temos/teremos respostas..

    O importante dessa relação, é que você tem consciência de que seu papel de professora/educadora foi e tem sido feito com muito compromisso, responsabilidade e sobremaneira com uma relativa preocupação com o desenvolvimento crítico-reflexivo de seus educandos.

    Isso é o início, de muitas coisas novas que estão por vir. se você ler na Biblioteca o meu relatório de estágio III, em lazer, você vai compreender um pouquinho do que estou tentando lhe informar. Passei por momentos amargos e difíceis durante o meu primeiro estágio, superei, aprendi, cresci e amadureci e hoje, com um pouco mais de experiência, digo-lhe com toda a convicção: Não teria feito nada diferente do que eu fiz naquele momento.

    Um beijoh

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