sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E agora que eu não tenho religião?

Eu estava trabalhando os fundamentos do nado crawl para as novas alunas...elas tinham idade entre 9 e 12 anos...braçada pra lá, pernada pra cá, respeiração aqui, flutuação acolá...de repente uma delas me pergunta:
"Pró, a senhora é católica, né?"
Desse jeito, em questão de segundos, um filme passou em minha cabeça, resgatando lembranças do meu batismo aos 3 anos de idade, depois a 1ª eucaristia com 12 anos, em sequência o crisma, aos 14 e, por fim, minha 'rebeldia' no ápice da imaturidade, aos 17 anos de idade, quando senti vontade de conhecer o espiritismo e decididamente, resolvi não me considerar mais católica. Desde então vou à missa mais para agradar meus pais que para "conversar com Deus", até porque eu faço isso o tempo inteiro, seja antes de dormir, ao fazer o desjejum, ao contemplar o relevo das montanhas, ou ao reclamar do calor forte do sol...
Quando retomei à realidade, a única coisa que eu consegui responder foi me utilizando de outra pergunta: "Por que eu deveria ser católica?" ao passo que minha aluna, com ar de ingenuidade e bochechas rosadas me afirmou: "É que eu já te vi na missa uma vez".
Meu Deus! eu nem lembro quando foi a última vez que fui na igreja...fiquei perdida, sem saber o que dizer. De repente, não apenas aqueles olhos castanhos e arredondados estavam em minha direção, mas todos os outros olhos das minhas alunas penetraram meus envergonados olhos, que sem outra alternativa em vista, respondeu um impronunciável "sim".
Naquele momento lembrei de uma canção do Gessinger que diz: "Os olhos dizem sim, o olhar diz não".
Voltei para casa pensando nisso, pensando em todas as minhas posturas pedagógicas, em todas aquelas lembranças que apareceram tão repentinamente e em tão pouco tempo, pensei naqueles olhos em minha direção à espera de uma resposta convicta...lembrei da minha mãe me dizendo que não há necessidade de ir para igreja só para agradá-la, lembrei dos livros de Leonardo Boff, lembrei do sorriso do pessoal que eu encontrava na igreja, e logo em seguida, das expressões fechadas destas mesmas pessoas quando eu as encontrava na rua. Fiquei pensando também em todas as conversas que tive com meu pai sobre isso, eu adoro quando ele me diz de forma contundente: "o que importa são nossas atitudes diárias, não a quantidade de vezes que vamos à igreja".
Agora que trabalho com ciranças e adolescentes, que pretendo ser reconhecida pela qualidade do meu trabalho, que almejo fazer história, e agora que eu não tenho religião, o que devo fazer?

3 comentários:

  1. viajei agora rs, gostei das palavras do teu pai^^
    gosto do modo q escreve
    resposta pra tua pergunta
    só teu coração pode achar

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  2. Ah minha best friend. É fato incontestável que as pessoas tendem a julgar-nos pelo fato de termos religião ou não Deus, no fato de acreditarmos em Deus ou não - e como isso pesa. Mas, uma coisa que tenho a te dizer é - não que você tenha errado ao dizer "sim", entretanto, ser verdadeira com teu próprio senso a respeito de deus, religião, vida e o que for - sempre te fará mais feliz e autêntica. Seu relacionamento com deus é só você e ele, e você sabe disso. Tenha plena certeza de que os julgamentos humanos são atos falhos e inpensados. Todos sabemos que placa de igreja não traz salvação, e sim as nossas atitudes de amor ao próximo.
    Beijão, saudadeeee...

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  3. Já mim questionei diversas vezes sobre isso também...

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